Dirigível

 

    A história dos dirigíveis confunde-se com a da aviação. As primeiras experiências para tentar a conquista dos céus foram com balões de ar quente.

    Bartolomeu de Gusmão, padre jesuíta português, foi o pioneiro do dirigível ao conseguir a 5 de Agosto de 1709 fazer um balão de ar quente elevar-se 4 metros perante Núncio Apostólico em Lisboa.

    Os irmãos franceses Jacques e Joseph Montgolfier, 74 anos depois, construíram o seu próprio dirigível baseando-se nos princípios de Bartolomeu de Gusmão, tendo sido o primeiro balão tripulado de sucesso. O balão que possuía 32 metros de circunferência e era feito de linho foi cheio com fumaça de uma fogueira de palha seca, elevou-se do chão cerca de 300 metros, durante cerca de 10 minutos voando uma distância de aproximadamente 3 quilómetros.

    Estes engenhos não satisfaziam o desejo de voar, pois não permitiam o voo controlado.

    No século XIX, alguns pioneiros da aviação procuraram adaptar motores a vapor (Giffard, 1855) e motores eléctricos movidos a baterias (Renard e Krebs, 1884) para resolver o problema da dirigibilidade. Tais tentativas mostraram-se infrutíferas, pois o peso excessivo dos motores tornava os engenhos impraticáveis. Somente o desenvolvimento do motor a explosão, no final do século XIX, permitiu resolver este problema.

 

    Em 8 de Novembro de 1881, em Paris, ocorreu o primeiro voo de um balão dirigível, Le Victoria, por Júlio César Ribeiro de Sousa.

    Em 9 de Agosto de 1884, os capitães franceses Charles Renard e Arthur Constantin Krebs, voaram no balão La France.

    Em 1898, o brasileiro Alberto Santos Dumont mudou-se para a capital francesa com o propósito de se tornar aeronauta. Logo que chegou, mandou fazer um pequeno balão esférico, de seda japonesa - o Brasil, com o qual voou com sucesso. Depois dessa experiência, resolveu encarar o maior desafio daquele momento: conferir dirigibilidade ao engenho, para que não voasse apenas ao sabor do vento. Assim, em Setembro daquele ano, Santos Dumont construiu o seu primeiro dirigível, com o nome de Nº 1. Mais tarde construiu o balão nº 2, de 25 metros de comprimento, era provido de um motor de 1,5 CV de potência, pesando 30 kg, o qual girava uma hélice a 1.200 rotações por minuto. O nº 2 deslocava-se de forma lenta mas controlada.

      No dia 19 de outubro de 1901, o cobiçado Prémio Deutsch, no valor de 100.000 francos, foi conquistado por Santos Dumont. Instituído pelo magnata do petróleo Henri Deutsch de La Meurthe, o prêmio Deutsch seria concedido àquele que, entre 1º de maio de 1900 e 1º de outubro de 1903, circundasse a torre Eiffel num tempo máximo de 30 minutos, partindo e retornando do campo de Saint-Cloud, por seus próprios meios e sem tocar o solo ao longo do percurso.

    O deputado brasileiro Augusto Severo de Albuquerque Maranhão em 1902 projetou o balão dirigível Pax, tendo infelizmente falecido quando aquele explodiu em vôo, em Paris. O Pax representava uma nova concepção de dirigível.

    O conde alemão Ferdinand von Zeppelin gastou sua fortuna na criação de dirigíveis com estrutura rígida para transporte de passageiros. Em 2 de julho de 1900, fez o vôo inaugural do LZ-1, às margens do lago Constança, no sudoeste da Alemanha. Já estava na bancarrota quando, em 1908, ganhou fama com o LZ-4, ao cruzar os Alpes, numa viagem de 12 horas, sem escalas. Daí por diante, o conde von Zeppelin pôde contar com o dinheiro do governo alemão em suas façanhas e seus dirigíveis se transformaram em orgulho nacional. O conde von Zeppelin instituiu a primeira companhia aérea, a alemã Companhia Zeppelin (Delag), em 1909, com uma frota de cinco dirigíveis. Até 1914, quando iniciou a Primeira Grande Guerra, foram mais de 150 mil quilômetros voados, 1.600 vôos e 37,3 mil passageiros transportados. Durante o conflito mundial, ao lado dos nascentes aviões, os dirigíveis alemães foram utilizados para bombardear Paris e a Inglaterra. Ao longo de sua vida, a Zeppelin construiu mais de 100 dirigíveis até 1988.